quinta-feira, 9 de julho de 2009

Práticas de harmonização

Quando a energia circula livremente por todo nosso corpo, temos uma sensação de harmonia e bem estar. Mas o que é esta energia?
 Nas praticas orientais ela parece ser bem compreendida e aceita. Trata-se de um conceito que pode ser entendido com mais clareza através da sensibilidade do que da intelectualidade. Portanto, não fica muito claro diante da perspectiva do raciocínio lógico. No entanto, podemos tentar. Em um certo sentido, a energia do nosso organismo é algo palpável.

 Dizemos que uma pessoa é energética ou que estamos sem energia em determinados momentos. Porém, isto ainda é tido como algo um tanto vago. Portanto, quando falamos em harmonização energética, continua parecendo algo distante. Precisamos compreender que, alem da quantidade de energia que possuímos, a forma como ela circula também possui uma influência determinante no nosso estado de espírito, de bem ou mau estar.



 Existem muitas práticas que poderíamos considerar como de harmonização energética: a massagem, shiatsu , acupuntura, ioga , tai chi chuan, natação. Elas podem ser orientadas de modo mais especifico ou mais geral. Por exemplo, na natação se você passar por uma aula e já tiver domínio sobre os quatro estilos, independente de suas peculiaridades, é possível que alcance uma grande harmonia na circulação de energia por todo o corpo.

Um exemplo oposto seria o da acupuntura onde um estudo (diagnóstico) deverá buscar, de forma mais especifica, quais são as deficiências e bloqueios energéticos do individuo e assim, podemos dizer, ir direto ao ponto para tratar. Na analise bioenergética, avalia-se o cliente, segundo determinadas características específicas, que indicam a maneira que este sujeito tem de se orientar em relação ao mundo. Isto, em termos de energia, significa que determinados grupos de pessoas possuem bloqueios similares, que podem ser percebidos de acordo com a leitura de suas tensões musculares cronicas. Durante certo tempo, a terminologia usada para isto foi caracteriologia e é parte de um estudo denominado “Análise do caráter” de Wilhelm Reich. A forma como a energia circula pelo corpo determina nossa maneira de ser e nossos comportamentos. Desta maneira, pode ser responsável por variados problemas, tanto de ordem física, quanto de ordem psicológica.

Apesar de seu aspecto ser sutil, esta “energia” pode ser percebida através de manifestações físicas, que denunciam a ocorrência dos bloqueios energéticos. A maioria das pessoas, no atual momento da humanidade, experimenta elevado grau de stress, gerando diversos incômodos físicos e psicológicos. Estes sintomas são indicadores do desequilíbrio energético. Nem sequer nos atemos a nossa forma de respirar, descuidando-nos deste ato tão fundamental para a sobrevivência.

Em contraponto a esta situação , cada vez mais tornam-se acessíveis os processos terapêuticos holísticos e em geral, que visam o reequilíbrio e a conseqüente melhoria em nossa qualidade de vida. Parece que mais do que nunca está na escolha de cada um a qualidade da vida que quer viver, se se dispuserem a investir em bem estar. Uma questão de amor próprio.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Analise bioenergética

“...descobri o trabalho de Alexander Lowen. A analise bioenergética por ele fundada é uma terapia analítica fundamentada no corpo, que enfoca as tensões musculares corporais que constituem a contrapartida física dos conflitos emocionais da personalidade.” Stephen Sinatra no livro “Sexo, amor e seu coração.”




O trecho acima sintetiza de forma sucinta o que é a análise bioenergética, uma terapia baseada nos trabalhos de Wilhelm Reich. São dois os principais conceitos da teoria Reichiana nos quais se fundamentou a análise e terapêutica desenvolvida por Lowen: o de couraça muscular, que são tensões musculares, análogas a uma armadura, através da qual a pessoa se defende do mundo. E o de potência orgástica, que trata da capacidade de entrega e satisfação de uma pessoa dentro da sua sexualidade. Destes dois conceitos surge a análise do caráter, através da qual o terapeuta obterá um mapa dos principais conflitos estruturados na personalidade da pessoa em tratamento, através de uma leitura corporal.

Divergindo-se da psicanálise que se fundamenta no tratamento pela palavra, Reich vai de encontro ao corpo e explora a dimensão somática da doença psíquica. Não demora a incluir em seu trabalho, a intervenção corporal juntamente com a análise. Como psicanalista, havia sido aluno de Freud, a quem entregou diretamente seu clássico livro “A função do orgasmo”, no qual havia equacionado o sistema de carga e descarga da energia libido (energia sexual), base do trabalho Freudiano. Ele cria o conceito de “potência orgástica” que trata bàsicamente, da capacidade de descarga de energia durante o orgasmo. Este foi um conceito revolucionário, pois demonstrou a relação somática direta entre neurose e a vivência sexual do indivíduo.

A potência orgástica é derivada da participação total do organismo no ato sexual, e é muito diferente do orgasmo genital, que pode ocorrer sem muito envolvimento entre os atuantes e é marcado por frustrações e insatisfações sexuais características da personalidade neurótica. É através de tensões musculares, que o organismo pode, em função da própria sobrevivência, suprimir sentimentos indesejáveis, conseqüência de vivências traumáticas do individuo, desde o nascimento. Reich usava a pressão com a mão, entre outros exercícios corporais, sobre essas tensões, para trazer a tona os conflitos emocionais para então trabalhá-los através da palavra como na psicanálise, obtendo muitas vezes resultados extraordinários, que porém, regrediram em muitos casos após o termino de um tratamento aparentemente bem sucedido.

Alexander Lowen, na época um terapeuta Reichiano, que havia abandonado o trabalho como advogado e se formado como psiquiatra para trabalhar com Reich, e tendo sido antes tratado por ele, começou a desenvolver suas próprias idéias: “Compreendi que não podia haver atalho algum para a saúde emocional e que o trabalho consistente através de todos os problemas do individuo é a única forma de assegurar o seu funcionamento ótimo.” Não se tratava unicamente dos traumas passados dos pacientes, também estava envolvida a sua relação com a cultura, ou seja, sua vivência no mundo. Após ter se afastado por alguns anos para concluir o curso de medicina na Europa, Lowen encontra um novo quadro de desenvolvimento da terapia reichiana nos E.U.A. Havendo se extinguido o entusiasmo inicial, Reich e seus seguidores, se encontravam em meio a perseguições e hostilidade da comunidade cientifica da época. O trabalho antes conhecido como “vegetoterapia caractero-analitica” deu lugar à “ terapia orgônica” tendo como ênfase a acumulação de energia orgonio (Orgonio era o nome criado por Reich para a energia sexual). Assim a análise do caráter perdeu sua ênfase nos trabalhos reichianos.

 Lowen procurou outro psiquiatra que havia trabalhado com Reich chamado Pierrakos, para dar continuidade ao próprio processo terapêutico. Ele sabia, apesar de haver finalizado sua terapia com Reich, que havia tensões musculares que poderiam ser trabalhadas para um maior desenvolvimento de sua personalidade e capacidade para o prazer, e que precisava conquistar este desenvolvimento caso quisesse que outras pessoas o experimentassem através de seu trabalho terapêutico . Em suas palavras “...não acredito que podemos fazer pelos outros o que não podemos fazer por nós mesmos .” (A.Lowen Bioenergética)

 Trabalhando seu próprio corpo, Lowen, foi desenvolvendo um sistema terapêutico, através da criação de exercícios que o auxiliavam a reconhecer e liberar as tensões musculares. Surgiu o conceito de “graunding” exclusivo da bioenergética, que significa pés no chão. Conceito que foi se desenvolvendo ao longo dos anos, pela percepção de que todos os pacientes sentiam a falta de ter os pé firmemente plantados no chão, o que representava sua falta de contato com a realidade. ” Graunding”, ter os pés no chão, ter contato com a realidade, com o solo onde pisa com seu corpo e sua sexualidade, tornou-se uma das pedras fundamentais da bioenergética. (A.Lowen Bioenergétca.). A partir deste trabalho original a análise bioenergética se diferenciou da terapia reichiana e se afirmou como uma escola independente.

Como o “graunding”, outras analogias corporais que representavam atitudes psíquicas surgiram. Muitos outros exercícios foram desenvolvidos com o intuito de diluir as tensões musculares gerando uma liberação do fluxo energético e da motilidade, de forma a aumentar a vitalidade do organismo, e expandir sua capacidade para o prazer e sua tolerância à excitação. Com a liberação das tensões musculares e da motilidade buscamos a livre movimentação que representa a livre expressão. Os exercícios são trabalhados em conjunto com a terapia, pois por trás de tensões musculares crônicas existem conflitos emocionais, como Reich havia demonstrado, e estes necessitam de ajuda profissional para serem trabalhados. Á analise bioenergética se tornou uma terapêutica bem fundamentada, em um trabalho consistente.

 Instituísse como um processo de longo prazo, que busca a integridade do indivíduo, de modo que ele possa sentir, através do livre fluxo de energia em um corpo vivo, toda a intensidade da vida com suas alegrias e tristezas, prazeres e dores. Esta é a história, de como que a partir das idéias de Whillian Reich, pelas mãos de Alexander Lowen e seus colaboradores, a análise bioenergética foi ganhando forma, como vimos, história que ainda esta acontecendo nos consultórios de terapeutas de todo o mundo, nas escolas de educação física, workshops, livros, práticas livres...

Ecologia, Economia, Responsabilidade universal

Acessos pelo mundo.