quinta-feira, 14 de abril de 2011

O estigma holístico

O estigma holístico




“Não é de se admirar que o investigador ocidental tenha idéias algo confusas sobre os yogues, sua filosofia e suas praticas. Os viajantes têm escrito muitas narrativas fantásticas sobre os bandos de faquires mendicantes e charlatães que infestam os extensos caminhos e as ruas das cidades da Índia.

Por esse motivos é desculpável que o estudioso ocidental acredite ser o yogue típico um individuo extenuado, um fanático sujo ou um hindu ignorante, que se senta em uma postura fixa até a ossificação de seu corpo, que mantém os braços levantados até que se tornem rígidos, permanecendo nesta posição por toda a vida...” Yogue Ramacháraca







O trecho acima é um exemplo magnífico de como podemos sustentar uma visão estigmatizada a respeito de assuntos dos quais temos pouco conhecimento ou vivência.O que se chamou de “terapeuta holístico” tem sofrido este mesmo tipo de “pré-conceito”, uma vez que a modalidade é nova, e encontra uma sociedade pouco familiarizada com este conceito.

Segundo o site InfoEscola (http://www.infoescola.com/sociologia/estigma-e-identidade-social/):” O estigma social também surge nas relações de afirmação de identidade e nível social entre os indivíduos de uma sociedade. Na formação de identidade que uma pessoa expressa, inicia de maneira virtual, quando não conhecemos a pessoa e a identificamo-na como esperamos e, depois se completa de forma real, quando conhecemos os atributos que a pessoa possui.

Uma pessoa formada na faculdade e bem empregada possui um estigma social positivo, porém se a mesma estiver mal empregada expressará um estigma negativo. O estigma social resulta da relação de atributos e identidades que uma pessoa possui e os estereótipos sociais cobrados e interpretados no meio em que ela vive.”

Costumo dizer que terapeuta holístico não levita, (acho que sinto uma expectativa neste sentido). Não é preciso estar em estado de beatitude para fazer um atendimento. Sabemos que a psicologia, como profissão, existe, com todo seu mérito, sem nunca se exigir um “grande nível de evolução espiritual” pode-se dizer o mesmo de todas as linhas terapêuticas e médicas.

Peguemos o exemplo de um neurocirurgião, que exerce esta prática tão refinada, um que seja considerado competente. Não questionamos sua vida íntima ou seus hábitos, não queremos saber no que ele exagera ou se abstém, sabemos que ele esta lá e é competente e que na hora da cirurgia ele terá perfeita condição de avaliar se tem a condição de efetuar tal tarefa de tão grande responsabilidade. Costuma-se confiar nisto.

Já sobre o terapeuta holístico parece pesar o estereótipo de alguém recluso e abstêmio com certa carga de misticismo, como um monge. A meu ver um terapeuta competente não só não precisa se abster, como deve estar no mundo. Freqüentar o mundo é a única forma de compreender o homem em suas relações, experimentar a vida é fundamental para quem trata da vida, e isso se estende para a vivência de cada pessoa, faz parte da busca pela felicidade.

Existe uma história de um psiquiatra que iria fazer uma palestra sobre drogas, quando foi informado, de que o copo de água que havia bebido, continha LSD. Apesar de a informação ser falsa, e tudo que ele havia consumido era apenas água, o médico “surtou” e foi parar em um hospital. Seria esta pessoa competente para falar sobre drogas? Acho que ele poderia assustar um usuário , o que pioraria a situação. A que outros âmbitos, a idéia que esta história passa, se aplica?

Estamos imersos em uma cultura acadêmica, e costumamos creditar grande valor a uma formação formal, ao mesmo tempo em que não conhecemos outros referenciais que possam atestar a competência de uma pessoa, talvez a barba possa servir de currículo para o iogue, e de ganho de vida para charlatões na Índia.

A holística trata de um novo paradigma, uma outra maneira de ver estudar e compreender o mundo envolve diversas áreas como as terapias, a medicina, a teologia e qualquer área sobre a qual quisermos estimular este ponto de vista mais global e menos focado nas partes de algum sistema.O foco holístico é o todo, e não apenas isso, o todo em sua relação com a realidade. Uma forma de explorar a realidade com a qual ainda vamos ir tomando uma maior familiaridade e que deve vir auxiliar a humanidade diante das dificuldades do modelo atual.

O interessante é estarmos atentos ao nosso olhar automático sobre as coisas, para não sermos enganados por um lado, e para que possamos explorar com mais veracidade as realidades que nos cercam, as inovações que o tempo nos trás. Os estigmas e preconceitos tem turvado nossas visões, podemos ampliar nossas vivências ao abandonar velhos conceitos, um novo mundo vive ao nosso lado, desde sempre.





Ecologia, Economia, Responsabilidade universal

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