terça-feira, 17 de abril de 2012

O verão tardio

Por Helio Pedrosa.


Fechando o verão e antes do outono temos a quinta estação, também chamada de final do verão ou
verão tardio. Sim! Para a antiga visão chinesa da natureza e do ser humano, são cinco elementos e cinco
estações. Os elementos são: madeira, fogo, terra, metal, água; e as estações correspondentes são:
primavera, verão, final do verão, outono, inverno.


http://cozinhando-saude.blogspot.com.br/2014/03/verao-tardio-estacao-do-voltar-terra-e.html

 

O final do verão é o ponto de transição do yang para o yin, entre as fases expansivas e de crescimento da
primavera e do verão e o início das fases introspectivas, frias e misteriosas do outono e do inverno. O
final do verão está relacionado ao elemento terra, que tem posição central dentro dos outros elementos.
A terra nutre e sustenta todos os seres vivos, é o fundamento de todas as manifestações.

O final do verão é essa estação curta que acabou de passar: são “as águas de março fechando o verão” e
trazendo prenúncios de uma nova fase, que logo se anuncia seca e fria. Alguns dizem que há nesse
período um agradável ar de tranquilidade e de florescimento. A atividade se torna sem esforço, como se
fosse num sonho. É o momento de colher os frutos maduros e pensar no armazenamento para o ciclo
interno que se inicia.

A festa do verão acabou, as chuvas de março apagaram o f ogo e de suas cinzas surgiu a terra. Terra
úmida, fecunda, concreta, material, palpável, que nos chama para a realidade. No contexto das metas e
realizações, o f ogo traz a ideia, a luz que se acende, faz descobertas e inventa coisas, é criativo e tem
insights. A terra analisa e considera as possibilidades concretas de realização, baseada nos recursos
disponíveis. A terra nos limita e pede para sonharmos sonhos possíveis!

A terra ocupa uma posição central dentro dos cinco elementos e, dentro dos pontos cardeais, ocupa o
centro. Sim! Os pontos cardeais dos antigos chineses também são cinco: norte, sul, leste, oeste e centro!

Terra é onde estamos, é o nosso centro, nossa casa, o quartel onde descansa o guerreiro. Terra é o ponto
ao qual devemos voltar antes de outro rumo tomar. É o centro físico, como a casa, à qual vamos para



Repousar e nos alimentar antes da próxima jornada. É o centro psíquico donde tiramos nossas referências
e premissas psicológicas, o ponto de vista pessoal baseado em experiências vividas, conhecimentos,
recursos mentais, cultura e crenças. Assim, podemos chamar de pessoa centrada aquela que sabe o que
quer, que é coerente, que acredita em si, que possui um centro, que não é “maria vai com as outras”, e
que, por ter um centro, não é “desnorteada”. Sabe bem onde está seu norte, que é só dela, já que somos
únicos, pessoais e intransferíveis.

A terra comanda baço, pâncreas e estômago, que garantem nossa alimentação física e psíquica e tudo
que nutre nosso corpo e nossa mente. A digestão dos nutrientes físicos tem relação com a digestão dos
estímulos mentais que absorvemos no dia a dia. Assim podemos ficar gulosos por alimentos bem como
por informações. Podemos não processar bem os alimentos e ter dificuldade em manter pensamentos
claros e coerentes.

Se tudo parece confuso e se nos sentimos perdidos, talvez nos falte terra. O que fazer para aumentar a
força da terra em nós? Alimentar-se de alimentos que venham da terra propriamente dita, como raízes e
tubérculos; diminuir a ingestão de alimentos processados e industrializados; ficar mais em casa e cuidar
de arrumar o que está bem próximo, como gavetas e armários; mexer com a terra, cultivando plantas;
buscar as raízes pessoais na família e na própria biografia; ter a noção exata de quais recursos realmente
dispomos: sejam financeiros, energéticos, de tempo ou de conhecimentos; praticar meditação para
trazer a mente para o presente, tirando-a do futuro, que leva à ansiedade, e do passado, que leva à
depressão.

Vem chegando o outono e novas mudanças já estão em curso.

Grande abraço a todos,

Hélio Pedrosa

Ecologia, Economia, Responsabilidade universal

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