sábado, 2 de julho de 2011

Borboletas

O símbolo da borboleta está ligado ao seu peculiar ciclo de vida, uma analogia com a possibilidade humana de  transformação, de efetivar mudanças. A segunda fase do ciclo de vida da borboleta, a larva ou lagarta, possui uma aparência, por vezes, nada admirável e passa todo seu tempo rastejando sobre a folhagem  para comer e comer. Quando comeu suficientemente recobrirá todo seu corpo com uma seda, que irá  tornar-se o casulo. Fechada dentro deste casulo a larva sofrerá uma das transformações mais impressionantes conhecidas na natureza, transmutando-se em uma borboleta de admirável beleza estética, que vai voar se aproximando das flores e colhendo seu néctar como alimento. Um ciclo de vida que traz uma admirável riqueza simbólica em seus detalhes.

A condição humana pode se assemelhar a da lagarta, quando corremos incessantemente de um lado para outro, trabalhando muito, inconscientes de nossos conflitos internos, insensíveis as nossas dores e sofrimentos. É como se a vida  fosse um rastejar e alimentar da lagarta.No nosso caso, alimento, significa tudo aquilo que o dinheiro, fruto de nosso trabalho, pode comprar. A diferença em relação a lagarta é que nós podemos passar toda nossa vida sem viver qualquer transformação. Porém, o ser humano possui a possibilidade de mudar. Essas mudanças podem mesmo ser radicais, em alguns casos, podem ser pequenas mudanças, e pode haver uma ilusão de que se está obtendo alguma melhora, ou mudança, quando na verdade nosso auto-engano é quem está operante.


Posso ver uma sala de terapia como esse casulo, terapias são métodos que nos ajudam a nos perceber, aprender, as causas dos nossos sofrimentos, e também limitações, buscando a expressão total da nossa potencialidade, quem assistiu o filme “Discurso do Rei” teve uma oportunidade ímpar de acompanhar uma bela descrição de um trabalho terapêutico.


Se considerarmos os sete dias da fase em que passa no casulo, para um ciclo de vida que pode ter até três meses, diferenciando de espécie para espécie, equivaleria a cerca de 65 meses em uma expectativa de vida de 70 anos, uns cinco anos e meio. A mudança para nós não é fácil, somos habituados aos nossos padrões por pior que sejam, e nos estranhamos quando não somos quem temos sido. Muitas pessoas irão buscar esse tipo de mudança após um enfarto ou crise, em que a mudança se torna absolutamente imprescindível. As terapias holísticas,como as vejo, podem ser chamadas preventivas, ajudam quem intui que “se continuar assim vou acabar adoecendo”. O trabalho holistico traz uma qualidade em que os pequenos desequilíbrios podem ser percebidos e cuidados antes de desencadearem uma crise com prejuízos, por vezes, irreparáveis.


A borboleta é considerada o símbolo do renascimento pela psicanálise moderna, o termo psyche do grego significava tanto alma quanto borboleta. Há muito que ilustro meu blog com belas fotos de borboletas, admiro sua simetria, sempre representou pra mim um símbolo de saúde mental e harmonia do si mesmo em seu contato com o mundo, da arte da natureza.

                                



sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sobre o Livro: “Exercicios de bioenergética.”

O CAMINHO VIBRANTE PARA UMA SAÚDE VIBRANTE.

"Onde quer que tenhamos introduzido estes exercícios,por exemplo, em workshops para profissionais,a resposta tem sido entusiástica. Somos constantemente solicitados a fornecer uma lista e uma descrição dos exercícios. Este livro é nossa resposta para esta demanda." Alexander Lowen

Estes foram exercícios desenvolvidos inicialmente para auxiliar o trabalho psicoterápico. Tudo começou com Reich, que foi aluno de Freud, e trabalhava como psicanalista. O que aconteceu com Reich foi que ele, mais que outros alunos de Freud, se interessou pelo corpo e o que acontecia com ele, devido aos distúrbios mentais. Acabou criando formas de atuar no corpo, como por exemplo: aplicar preções sobre as tenções crônicas para liberar conteúdos emocionais.

Durante a guerra Reich se refugiou nos EUA onde conheceu Alexander Lowen que se tornou aluno e paciente. Alexander, por influencia de Reich, foi estudar medicina na Europa, se formou psiquiatra, e já percorria caminhos diferentes de Reich. Apesar de haver concluído sua terapia com ele, acreditava que ainda poderia trabalhar na melhoria geral de seu corpo, sentia que ainda haviam tenções estruturadas em segmentos de seu corpo.Procurava pelo alivio das tensões cronicas, em conjunto com os aspectos de sua inserção no mundo. Decidiu criar uma forma para continuar sua terapia, foi desenvolvendo uma forma singular de trabalho com o corpo. Em união com outro psiquiatra, que havia sido aluno de Reich ,chamado Jonh Pierrakos, começaram a desenvolver o que se chamou Analise bioenergética*

“A bioenergética é uma maneira de compreender a personalidade em função de seus processos energéticos. Ela é também uma forma de terapia que combina o trabalho corporal com o da mente para ajudar as pessoas a compreenderem seus problemas emocionais e concretizarem o mais que puderem seu potencial para o prazer e a alegria de viver. O trabalho corporal da bioenergética inclui tanto procedimentos de manipulação como exercícios especiais. Esses exercícios foram desenvolvidos ao longo de mais de vinte anos de trabalho terapêutico com pacientes. Podem ser feitos em seções de terapia, em aulas ou em casa.” Àqueles que se interessarem, e quiserem conhecer os exercícios aconselho a procurarem o livro em sebos, bibliotecas públicas ou livrarias, ou procurarem um profissional, uma vês que resumi-los poderia afetar a riqueza de detales da obra e deste trabalho corporal como um todo.

Abaixo um workshop com exercicios de bionergética:


A capa do livro de Alexander Lowen:

 
*Para saber mais detales acesse  "Analise Bionegética" neste mesmo blog.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O estigma holístico

O estigma holístico




“Não é de se admirar que o investigador ocidental tenha idéias algo confusas sobre os yogues, sua filosofia e suas praticas. Os viajantes têm escrito muitas narrativas fantásticas sobre os bandos de faquires mendicantes e charlatães que infestam os extensos caminhos e as ruas das cidades da Índia.

Por esse motivos é desculpável que o estudioso ocidental acredite ser o yogue típico um individuo extenuado, um fanático sujo ou um hindu ignorante, que se senta em uma postura fixa até a ossificação de seu corpo, que mantém os braços levantados até que se tornem rígidos, permanecendo nesta posição por toda a vida...” Yogue Ramacháraca







O trecho acima é um exemplo magnífico de como podemos sustentar uma visão estigmatizada a respeito de assuntos dos quais temos pouco conhecimento ou vivência.O que se chamou de “terapeuta holístico” tem sofrido este mesmo tipo de “pré-conceito”, uma vez que a modalidade é nova, e encontra uma sociedade pouco familiarizada com este conceito.

Segundo o site InfoEscola (http://www.infoescola.com/sociologia/estigma-e-identidade-social/):” O estigma social também surge nas relações de afirmação de identidade e nível social entre os indivíduos de uma sociedade. Na formação de identidade que uma pessoa expressa, inicia de maneira virtual, quando não conhecemos a pessoa e a identificamo-na como esperamos e, depois se completa de forma real, quando conhecemos os atributos que a pessoa possui.

Uma pessoa formada na faculdade e bem empregada possui um estigma social positivo, porém se a mesma estiver mal empregada expressará um estigma negativo. O estigma social resulta da relação de atributos e identidades que uma pessoa possui e os estereótipos sociais cobrados e interpretados no meio em que ela vive.”

Costumo dizer que terapeuta holístico não levita, (acho que sinto uma expectativa neste sentido). Não é preciso estar em estado de beatitude para fazer um atendimento. Sabemos que a psicologia, como profissão, existe, com todo seu mérito, sem nunca se exigir um “grande nível de evolução espiritual” pode-se dizer o mesmo de todas as linhas terapêuticas e médicas.

Peguemos o exemplo de um neurocirurgião, que exerce esta prática tão refinada, um que seja considerado competente. Não questionamos sua vida íntima ou seus hábitos, não queremos saber no que ele exagera ou se abstém, sabemos que ele esta lá e é competente e que na hora da cirurgia ele terá perfeita condição de avaliar se tem a condição de efetuar tal tarefa de tão grande responsabilidade. Costuma-se confiar nisto.

Já sobre o terapeuta holístico parece pesar o estereótipo de alguém recluso e abstêmio com certa carga de misticismo, como um monge. A meu ver um terapeuta competente não só não precisa se abster, como deve estar no mundo. Freqüentar o mundo é a única forma de compreender o homem em suas relações, experimentar a vida é fundamental para quem trata da vida, e isso se estende para a vivência de cada pessoa, faz parte da busca pela felicidade.

Existe uma história de um psiquiatra que iria fazer uma palestra sobre drogas, quando foi informado, de que o copo de água que havia bebido, continha LSD. Apesar de a informação ser falsa, e tudo que ele havia consumido era apenas água, o médico “surtou” e foi parar em um hospital. Seria esta pessoa competente para falar sobre drogas? Acho que ele poderia assustar um usuário , o que pioraria a situação. A que outros âmbitos, a idéia que esta história passa, se aplica?

Estamos imersos em uma cultura acadêmica, e costumamos creditar grande valor a uma formação formal, ao mesmo tempo em que não conhecemos outros referenciais que possam atestar a competência de uma pessoa, talvez a barba possa servir de currículo para o iogue, e de ganho de vida para charlatões na Índia.

A holística trata de um novo paradigma, uma outra maneira de ver estudar e compreender o mundo envolve diversas áreas como as terapias, a medicina, a teologia e qualquer área sobre a qual quisermos estimular este ponto de vista mais global e menos focado nas partes de algum sistema.O foco holístico é o todo, e não apenas isso, o todo em sua relação com a realidade. Uma forma de explorar a realidade com a qual ainda vamos ir tomando uma maior familiaridade e que deve vir auxiliar a humanidade diante das dificuldades do modelo atual.

O interessante é estarmos atentos ao nosso olhar automático sobre as coisas, para não sermos enganados por um lado, e para que possamos explorar com mais veracidade as realidades que nos cercam, as inovações que o tempo nos trás. Os estigmas e preconceitos tem turvado nossas visões, podemos ampliar nossas vivências ao abandonar velhos conceitos, um novo mundo vive ao nosso lado, desde sempre.





Ecologia, Economia, Responsabilidade universal

Acessos pelo mundo.