A natureza escreve belas fabulas todos os dias, dentre as
quais a da pérola é uma das mais ricas em significados e tem sido vista e
comentada por retratar, entre outras coisas, os aspectos relacionados ao papel das
dificuldades em nossas vidas.
Vale a pena descrever novamente, para os que não conhecem, o
fato de que a criação de uma pérola, começa com um acidente. Um tipo de molusco
(as ostras) precisa abrir constantemente
suas conchas, para filtrar as bactérias da água( plâncton) obtendo seu alimento,
porém, eventualmente, pode ocorrer de um grão de área penetrar a concha e
provocar danos ao molusco. Daí começa um lento processo, “imunológico”, se
comparado a ação do sistema imunológico dos animais, de suavizar as arestas deste grão de areia, com
uma substancia denominada madrepérola, e a partir daí, gerar aquela bela
esfera, conhecida como pérola.
Que magnífica faculdade! Talvez o molusco não possa
reconhecer a beleza gerada pela forma com a qual irá lidar com o grão de areia,
para este ser vivo, isto é uma rotina, uma cicatriz, um encargo da vida, porém
sua criação possui uma qualidade especial ao observador humano.
Nós mesmos, seres humanos, em nossa rotina, somos tantas
vezes assediados por situações incomodas que exigem que nossas faculdades
trabalhem com todas as suas qualidades, de maneira que possamos arredondar
as arestas das dificuldades que
enfrentamos. E seremos nós , seres muitas vezes mais complexos que estes
moluscos, capazes de apreciar as pérolas que vamos moldando ao longo de nossa
existência.
Eis uma boa reflexão, que pode nos abrir o olhar sobre este
valor em nossas vidas, valor que talvez possa passar desapercebido para nós
mesmos, e mesmo para as outras pessoas, mas que estão gravadas no nosso
espírito. Pois cada uma das dificuldades que vamos enfrentando, vão formando nossa maneira pessoal de “arredondamento”,
de lidar com situações adversas, estas
que foram transformadoras no sentido de
nos colocar em contato com nossas capacidades,
e quando ultrapassadas, aliviaram o peso existencial para continuarmos
viventes.
Existem pérolas de estimado valor, umas impecáveis em sua
forma, outras um tanto amorfas, de
variados tamanhos. Em relação ao molusco, todas possuíram um mesmo valor, o de revelar
sua capacidade de superar tal situação, que inicialmente, não saberiam se conseguiriam.
Será que, ao olharmos para trás, e consultar nosso passado, e mesmo o que estamos vivendo no presente, seremos capazes de encontrar algumas pérolas em nossa vida? Qual o valor elas tiveram para nós? Poderemos descobrir, que uma jóia de valor inestimável foi cunhada em nós mesmos, fonte de riqueza inestimável do nosso espírito.