terça-feira, 30 de outubro de 2012

Pacifismo e passividade, atitudes incongruentes.



"Como qualquer outra pessoa, eu também tenho o potencial para a violência; eu também tenho raiva em mim. No entanto, tento me lembrar de que a raiva é uma emoção destrutiva. Lembro-me que agora os cientistas dizem que a raiva é ruim para nossa saúde; ela alimenta-se de nosso sistema imunológico. Assim, a raiva destrói nossa paz de espírito e a nossa saúde física. Nós não devemos acolhê-la ou pensar nela como algo natural ou como uma amiga." Dalai Lama

Um preconceito que vejo existir em relação a uma atitude pacifica, tem relação com uma confusão dos termos, acreditamos que um sujeito passivo, que não reage as agressões, possa ser um pacifista. Nada mais distante.

A perspectiva de paz esta envolvida com a possibilidade de criar algo novo, algo que nunca foi visto sobre a terra. Nos enganamos se pensamos que a paz é natural e que a guerra é uma aberração. Em relação a humanidade, as guerras estão coexistindo com o homem (“homo sapiens” ) durante toda história conhecida. Quando se organizavam em grupos, os conflitos surgiam, intra e extra grupo.



A atitude passiva não se parece em nada com o pacifismo, uma pessoa que não reage a uma agressão , que não expressa a sua raiva e revolta diante da injustiça a qual está sendo acometida, pode estar gerando a violência contra si mesma. No momento em que é clemente com aquela atitude negativa, vinda do outro, ela permite que essa negatividade cresça, nada mais distante do que seria uma atitude pacifica.

Pacifismo é saber como agir de forma que, sua atitude, sua reação, abrande o conflito, ao invés de amplia-lo. Significa um saber agir em função de si e do agressor, e assim em favor de todos. Significa uma atitude ativa em função da constituição de uma cultura de paz.





A paz não é algo natural entre os homens, o conflito é muito natural, as crianças brigam, mesmo que logo depois possam correr juntas novamente, agora, a paz, é madura, necessita de homens fortes a seu favor, de pessoas inteligentes e ativas que tenham tido um contato não exclusivamente com o que é o homem, e sim com o homem em toda a sua possibilidade.

Cultura de paz significa este aprendizado da paz, significa constituir formas de que os homens possam viver em acordo, prevenindo as gerras, estes eventos que no final, não possuem vencedores, todos perdem. As guerras são fundamentalmente destrutivas para ambos os participantes e sempre geram seqüelas irreparáveis, nas relações humanas. A paz é uma utopia, uma possibilidade que pode ser buscada, constituida e melhorada. Como algo que construimos.






quarta-feira, 27 de junho de 2012

O corpo e o físico.




Quando falamos dentro da linguagem da terapia temos de distinguir bem o que é corpo e que é físico. Para eu, falar de físico, significa se referir a parte mecânica, a fisiologia, a estrutura geral do corpo,  na linguagem moderna poderíamos comparar ao hardware de um computador, este está sujeito as leis da física e nele mora nossas possibilidades e também nossas limitações.

Já ao nos referirmos ao corpo, entendo como algo muito mais significativo, o corpo é simbólico, ele se relaciona, ama, sofre, deseja e cria, não poderíamos comparara-lo a uma máquina, pois seria uma comparação pobre. O corpo é este físico atuando no mundo, criando interações sempre inéditas, conhecimentos novos, e buscando até recriar-se a si mesmo.


O trabalho com o físico sempre afeta o corpo, porém se dizemos que vamos trabalhar o corpo estamos falando de algo grandioso. Em terapia trabalhamos o corpo, tratamos do modo como aquele ser se dispõem no mundo, o que ele percebe e como reage, como está entendendo os acontecimentos em sua vida e quais possibilidades possui para se modificar, melhorar.

Não podemos separar as duas coisas, começamos a entender isto, dentro do atual paradigma, no ultimo século. O trabalho de Nuno Cobra é um ótimo exemplo, em seu livro “A semente da Vitória” ele demonstra seu método, em que ele entendeu como poderíamos a partir do físico, produzir efeitos no corpo, e como que ambos estão intimamente ligados, uma idéia revolucionaria até então.    


Este é um debate terminológico que busca diferenciar o que é a nossa estrutura física e o que é o nosso ser no mundo. Quando começamos a pensar nisto fica claro o porque,  em todos os momentos da história, o homem chegou a ideia do transcendente, de algo que está além da matéria, o físico é algo ínfimo diante do que é o ser humano. Uma pergunta não me saiu da mente, na ultima vês em que fui a um velório, e vi aquele “físico” aparentemente preservado, sem nenhuma vida;  O que anima este corpo?






Renato Chaves Pirfo

terça-feira, 17 de abril de 2012

O verão tardio

Por Helio Pedrosa.


Fechando o verão e antes do outono temos a quinta estação, também chamada de final do verão ou
verão tardio. Sim! Para a antiga visão chinesa da natureza e do ser humano, são cinco elementos e cinco
estações. Os elementos são: madeira, fogo, terra, metal, água; e as estações correspondentes são:
primavera, verão, final do verão, outono, inverno.


http://cozinhando-saude.blogspot.com.br/2014/03/verao-tardio-estacao-do-voltar-terra-e.html

 

O final do verão é o ponto de transição do yang para o yin, entre as fases expansivas e de crescimento da
primavera e do verão e o início das fases introspectivas, frias e misteriosas do outono e do inverno. O
final do verão está relacionado ao elemento terra, que tem posição central dentro dos outros elementos.
A terra nutre e sustenta todos os seres vivos, é o fundamento de todas as manifestações.

O final do verão é essa estação curta que acabou de passar: são “as águas de março fechando o verão” e
trazendo prenúncios de uma nova fase, que logo se anuncia seca e fria. Alguns dizem que há nesse
período um agradável ar de tranquilidade e de florescimento. A atividade se torna sem esforço, como se
fosse num sonho. É o momento de colher os frutos maduros e pensar no armazenamento para o ciclo
interno que se inicia.

A festa do verão acabou, as chuvas de março apagaram o f ogo e de suas cinzas surgiu a terra. Terra
úmida, fecunda, concreta, material, palpável, que nos chama para a realidade. No contexto das metas e
realizações, o f ogo traz a ideia, a luz que se acende, faz descobertas e inventa coisas, é criativo e tem
insights. A terra analisa e considera as possibilidades concretas de realização, baseada nos recursos
disponíveis. A terra nos limita e pede para sonharmos sonhos possíveis!

A terra ocupa uma posição central dentro dos cinco elementos e, dentro dos pontos cardeais, ocupa o
centro. Sim! Os pontos cardeais dos antigos chineses também são cinco: norte, sul, leste, oeste e centro!

Terra é onde estamos, é o nosso centro, nossa casa, o quartel onde descansa o guerreiro. Terra é o ponto
ao qual devemos voltar antes de outro rumo tomar. É o centro físico, como a casa, à qual vamos para



Repousar e nos alimentar antes da próxima jornada. É o centro psíquico donde tiramos nossas referências
e premissas psicológicas, o ponto de vista pessoal baseado em experiências vividas, conhecimentos,
recursos mentais, cultura e crenças. Assim, podemos chamar de pessoa centrada aquela que sabe o que
quer, que é coerente, que acredita em si, que possui um centro, que não é “maria vai com as outras”, e
que, por ter um centro, não é “desnorteada”. Sabe bem onde está seu norte, que é só dela, já que somos
únicos, pessoais e intransferíveis.

A terra comanda baço, pâncreas e estômago, que garantem nossa alimentação física e psíquica e tudo
que nutre nosso corpo e nossa mente. A digestão dos nutrientes físicos tem relação com a digestão dos
estímulos mentais que absorvemos no dia a dia. Assim podemos ficar gulosos por alimentos bem como
por informações. Podemos não processar bem os alimentos e ter dificuldade em manter pensamentos
claros e coerentes.

Se tudo parece confuso e se nos sentimos perdidos, talvez nos falte terra. O que fazer para aumentar a
força da terra em nós? Alimentar-se de alimentos que venham da terra propriamente dita, como raízes e
tubérculos; diminuir a ingestão de alimentos processados e industrializados; ficar mais em casa e cuidar
de arrumar o que está bem próximo, como gavetas e armários; mexer com a terra, cultivando plantas;
buscar as raízes pessoais na família e na própria biografia; ter a noção exata de quais recursos realmente
dispomos: sejam financeiros, energéticos, de tempo ou de conhecimentos; praticar meditação para
trazer a mente para o presente, tirando-a do futuro, que leva à ansiedade, e do passado, que leva à
depressão.

Vem chegando o outono e novas mudanças já estão em curso.

Grande abraço a todos,

Hélio Pedrosa

Ecologia, Economia, Responsabilidade universal

Acessos pelo mundo.